domingo, 28 de março de 2010

18 - Fonte e rio de lavagem de roupa no Reguengo da Parada







-Um dia destes fui até ao Reguengo da Parada afim de tirar umas fotos ao moínho que moeu muita da farinha que fêz o pão com que fui criado e ali ao lado tirei estas fotos à fonte onde em tempos fui buscar água quando os meus pais me levavam para irem trabalhar numa fazenda que por sinal ficava ali bem perto.
-Agora nos tempos mais recentes a junta de freguesia mandou edificar em cada aldeia uns rios para lavar roupa ,de modelo único, e o do Reguengo foi ali construído junto à velha fonte.

sábado, 20 de março de 2010

17 - A Quinta do Talvai (Talway)

-Estas fotos documentam o que é hoje o modernismo da Quinta, com portão, coisa que há cinquenta anos não havia. Lembro-me de ir a uma fonte que havia logo á entrada do lado esquerdo, para levar água em cântaros que se bebia em nossas casas. Isto de águas canalizadas é coisa boa que nesses tempos nem por sonho nas aldeias rurais.

16 - Naufrágio nos mares do Talvai

NAUFRÁGIO NOS "MARES DO TALVAI" NO INÍCIO DA DÉCADA DE SESSENTA:
-Como a velha Quinta do Talvai teve, em épocas mais gloriosas, a característica de ser o maior empregador da aldeia na cultura intensiva do arroz, nos tempos da minha jovem adolescência era vista como o local onde muitos dos pais dos miúdos da terra tinham ganho o sustento para muitos de nós. Se as histórias que os mais velhos nos contavam, sobre a forma como na altura se trabalhava, sobre as relações entre patrões e trabalhadores, ou entre os nativos da terra e os trabalhadores migrantes, os "bimbos", como ainda há bem pouco tempo eram chamados, muitos deles acabando por lá ficar através do casamento, não eram propriamente de embalar, o facto é que toda aquela área húmida do Chão da Parada tinha sobre nós, miúdos, uma atracção muito especial.
-Quem passa hoje na estrada alcatroada para Salir do Porto, nota que naquela zona, os terrenos agrícolas estão num nível inferior ao da via, hoje de alcatrão, naquele tempo de pedra e areia. A razão para a sobre-elevação da via é obvia. Trata-se dum local de inundações frequentes.
-Ora, sendo a maior percentagem de terrenos agrícolas da aldeia possuída pela Quinta, todos os outros habitantes eram de forma geral proprietários de pequeníssimas parcelas de terra, geralmente de boa qualidade, mas tão distantes umas das outras, que o dia era praticamente perdido nas lentas viagens de burro de e para o brejo, os camarotos, as pôças ou o arneiro-pequeno da estação.
-Terra madrasta, como muitas outras do Portugal do início da década de 60, muitos dos homens adultos, viam que não seria ali que poderiam criar condições razoáveis às esposas e aos filhos. A solução era partir. Alguns atarvessaram os Pirinéus, a salto, mas a maioria dos homens do Chão da Parada, emigravam para o mar. Assim, nomes como Santa Maria, Vera Cruz, Império, Infante Dom Henrique, e outros, que serviam de êlo de ligação entre a Metrópole e as Colónias, para as gentes da terra eram sinónimos de ganha-pão e de pequenos luxos exóticos que de outra forma seriam inacessíveis às gentes humildes da minha aldeia. Basta pensar no prazer que eu sentia, quando ao abrir as malas de meu pai, lá via umas bananas, uns ananases, algumas barras negras de puro chocolate de São Tomé, ou, luxo supremo, rolos de papel higiénico. Para não mencionar os relógios de marcas esquisitas, pequenos rádios portáteis adquiridos nos portos francos das Canárias (isto dos Off-Shores são história antiga), ou objectos de mais valor, como aconteceu com um dos meus ex-colegas da Bordalo, que, se nos ler se vai reconhecer. É que ele teve até direito a uma Honda de 50 cms, a 4 tempos, vinda directamente do Japão, que debitava um som melódico maravilhoso, em nada parecido com o das nossas ruidosas Casal ou Zundapp, a 2 tempos, que faziam um barulho ensurdecedor. Finalmente, para as gentes da terra, partir, não de um aeroporto qualquer, mas do porto de Lisboa, era a coisa mais natural e fazia parte de nós.
-Como consequência desta forma de vida, eram as esposas, mães, que geriam a economia familiar, e faziam o melhor que podiam para, sòzinhas, e geralmente iletradas, educarem os filhos.
-A nossa vida de miúdos a partr dos cinco anos, chovesse ou fizesse Sol, era passada na rua. Acabadinhos de chegar da escola, aquecido e comido o prato de sopa que ficava da véspera, se houvesse "cheia" no Talvai era certo e sabido que o resto das nossas tardes seria passado a ver a água, sempre à espera que a mesma galgasse a estrada, ou então a construir barragens altíssimas em areia, no local onde se encontra o edifício da Associação.
-Teria eu os meus 12 ou 13 anos, numa dessas tardes, após animada conversa com os outros garotos da minha idade sobre viagens de barcos e bateiras, eis que avistamos um velho bidão de gasóleo abandonado, num dos terrenos alagados, junto à ponte da Vala Real (hoje insignificante e quase invisivel, no meio da vegetação intensa). Incapazes de refrear impulsos próprios de miúdos daquela idade, logo ali tomámos a decisão de ir buscar o improvisado barco e sentirmos o prazer e a liberdade de dominarmos aquilo, num equilibrio mais que instável, sobre as águas barrentas que cobriam a várzea. Sendo diminuto o espaço interior, cada viagem seria feita apenas por um passageiro de cada vez. Foram vividos momentos de prazer intenso, nas nossas curtas viagens de alguns metros, com o bidão bem dominado com o auxílio de um longo pau, que fincávamos no chão de lodo para o movimentarmos sobre as águas. Sentiamo-nos qual Simbad, o maior de todos os marinheiros. De cada vez que partíamos ou voltávamos à margem, era como se o barco onde os nossos pais andavam, acostasse nos cais de Alcântara ou da Rocha do Conde de Óbidos.
-Mas o fim estava anunciado, e poderia ter sido bem triste, quando, estando eu em plena euforia no meio das águas turvas do "Atlântico", o barco por efeito de um qualquer movimento mais brusco começou a meter água e, afundou. Encharcado dos pés à cabeça, lá me consegui dirigir para terra firme e sentei-me ao Sol de Novembro para ver se conseguia secar as roupas, antes de voltar para casa.
-Mas como os adultos têm sempre a mania de estar onde não devem, passa na altura uma conterrânea que, do alto do seu assento na albarda do burro, verificou que alguma coisa de errado se passava com o Zé Luis e, claro, fiquei logo ali a saber que a Mari Reboleira, minha mãe, teria conhecimento do sucedido. Fiquei naturalmente um pouco preocupado, mas como ainda andei mais umas horas com a roupa vestida, cheguei a casa já a noite ia alta mas relativamente bem seco.
-Ouvi um raspanete dos grandes. Eu que normalmente apanhava as gripes todas, nesse ano seria ainda pior. E depois, o que não ajudou nada foi mesmo a tentativa de ter tentado enganar a minha mãe, não lhe contando a verdade desde o inicio. E a sentença foi lida naquele instante:
-Zé sabes que eu nunca te bato, mas quando o teu pai regressar de viagem daqui a duas semanas ele vai ter que saber, e aí não me responsabilizo pelas consequências.
-É claro que desta vez, à chegada de meu pai não fui como habitualmente, vasculhar as malas à procura de prendas tropicais, nem vou aqui contar como se passaram as coisas nos momentos que se seguiram.
-Penso que no dia seguinte não fui à escola. É que a viagem para as Caldas ainda se fazia na altura numa velha bicicleta pasteleira, e o selim era de cabedal bem duro!
-O meu pai tem hoje 89 anos, e por vezes ainda se fala nesta aventura. Nem ele nem eu a esquecemos. O meu gosto pela água manteve-se no entanto intacto e o prazer que me continua a dar o ouvir bater as ondas na terra é o mesmo. Mas viagens em bidões de gasóleo, garanto-vos que nunca mais fiz.
J.L.Reboleira Alexandre
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NOTA: Este artigo foi publicado recentemente no blogue do E.R.O. e por ser do interesse das gentes da freguesia de Tornada, com consentimento do autor publiquei-o aqui.

segunda-feira, 15 de março de 2010

15 - Moínho de Vento no Reguengo


-Este moinho de vento situa-se junto à fonte e rio de lavagem de roupa no Reguengo da Parada.
-Foi seu dono (?) o Senhor João Beato (Já há muitos anos falecido) , que pelo menos nos anos cinquenta/sessenta (Bem me lembro), sempre que havia vento suficiente o fazia trabalhar afim de moer os grãos de milho e trigo dos seus clientes.
-Nos dias de hoje a generalidade dos jovéns não tem conhecimento de que a maioria dos pais e avós (especialmente os das aldeias), comiam o seu pão feito com farinha moída neste ou nos muitos moinhos de vento que abundavam pelo país, sendo depois cozido em fornos a lenha que existiam em algumas casas de habitantes mais abastados.
-Em relação ao moínho lembro-me de em menino ir com os meus pais lá entregar os cereais e depois voltar par ir buscar as farinhas. Por vezes ainda não estava o trabalho feito em virtude da falta de vento e lá tínhamos que voltar noutro dia.
-Falando dos fornos onde se cozia o pão, lembro que em casa dos pais do meu pai, logo em casa dos meus avós paternos havia um forno comunitário, que raramente estava desocupado. Todos os dias da semana nas mesmas horas, cada um dos utilizadores tinha a sua presença marcada por sistema. Levava as lenhas para o aquecimento do forno e a massa em alguidar, pois as ferramentas para a lide faziam parte do forno. Cada utilizador pagava a utilização com um pequeno pão e lá em casa era coisa que nunca faltava.
-Isto é o que se chama relembrar um passado de grandes tormentas para a maioria do nosso povo e alertar os mais novos para uma realidade que felizmente eles não passam e bom será que nunca precisem de passar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

14 - Associação Des. Rec. do Reguengo da Parada

-Hoje fui ao Reguengo da Parada afim de captar estas imagens da Associação Desportiva e Recreativa desta localidade, as quais coloco aqui neste blogue com todo o gosto. Prometo numa oportunidade em que as instalações estejam abertas lá voltar para tirar umas fotos no seu interior e/ou a algum dirigente. Vou meter uma cunha ao Senhor Presidente Wilson.

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quinta-feira, 4 de março de 2010

13 - Festa no Chão da Parada em 1974

-Há dias um conterrâneo do Chão da Parada a viver nos Estados Unidos, perguntava pelas fotos da festa desta localidade. Porque este blogue é recente e a festa será (?) em finais de Junho, coloquei aqui umas digitalizações de uns slides que embora já em mau estado, retratam a Festa do ano de 1974 e, quem sabe se o mesmo não estará em alguma delas?
-Pelo menos o saudoso Padre Renato era na altura o Pároco da aldeia e vai na procissão.
-Quanto a esta juventude, certamente se visualizarem estas fotos terão saudades daqueles anos já á distância de trinta e cinco anos e meio. Boa saúde para todos, divirtam-se.

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COMENTÁRIOS:

Anónimo disse...
Sr. José Louro penso que o padre que está debaixo do páleo não é o saudoso Padre Renato,salvo melhor opinião.
6 de Março de 2010 17:18

José Louro disse...
È possível que tenha razão pois o slide não está em boas condições, mas em 1975 penso que era este o Pároco da Freguesia de Tornada. Irei tentar saber melhor junto de pessoas quem sabem com certeza. Obrigado pela atenção. José Louro
7 de Março de 2010 00:03

J.L. Reboleira Alexandre disse...
Dá para ver que as fotos foram tiradas a partir da minha casa. Se são de 1975 estava eu em Angola, se são de 1974 talvez estivesse contigo. Dos personagens nas fotos, à parte 1 ou 2, não reconheço absolutamente ninguém. Lembro-me muito bem do teu «carocha» branco. E adorei rever as miudas da minha aldeia que eram realmente elegantes. WOWW
Um grande obrigado para ti
Continua
8 de Março de 2010 20:08

José Alberto Louro disse...
Na realidade não posso dizê-lo com a certeza absoluta do ano ser em 1975, mas em 19 de Abril de 74 foi quando regressei à Metópole depois de trinta meses em Moçambique e lembro-me do Norberto que vai com uma bandeira e foi o juiz, me ter convidado para fazer esta festa o que eu declinei. Vendo as meninas da nossa terra nessa altura realmente na beleza eram muito giras.
-Cá vou tentando fazer algo de positivo: José Alberto Louro
9 de Março de 2010 22:23

José Louro disse...
Depois de ter falado pessoalmente com o Juiz da Festa, o meu Amigo Norberto, posso afirmar que esta festa foi em 1974 e o Padre Renato era o Pároco da Freguesia pois foi no ano em que me casei e ia na procissão. José Louro
10 de Março de 2010 19:21

J.L. Reboleira Alexandre disse...
Então se ias na procissão, quem foi o autor das fotos???
10 de Março de 2010 23:01

José Louro disse...
A quem eu na realidade me queria referir ir na procissão era o saudoso Padre Renato, pois as fotos foram tiradas por mim. Zé Louro
11 de Março de 2010 22:15